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Vivemos numa era em que a informação circula rapidamente, devido à globalização das plataformas digitais. Com esta vem a propagação de informações duvidosas e, muitas vezes, falsas. Todos os dias, somos bombardeados por mensagens apresentadas como factuais, mas que nem sempre refletem a realidade.

No contexto do cancro colorretal, esta desinformação pode ser particularmente prejudicial, levando a mal-entendidos sobre prevenção, diagnóstico e tratamento. É comum encontrar afirmações enganosas ou imprecisas que comprometem decisões informadas.

É neste contexto que surge a secção INFORMAÇÕES CORRETAS!

INFORMAÇÕES
COR
RETAS

Composta pela nossa COLÓNia, esta iniciativa tem como objetivo analisar e questionar a veracidade e a credibilidade dos conteúdos noticiosos relacionados com o cancro colorretal. Comprometemo-nos a fornecer informação rigorosa, fiável e fundamentada, ajudando a esclarecer dúvidas e a desfazer mitos.

Vamos investigar corretamente?

Baseado na abordagem de fact checking do Polígrafo, a metodologia é composta pelas seguintes etapas:

1.
Consultar a fonte original da informação;
2.
Consultar fontes de natureza documental que possam solidificar o processo de checagem;
3.
Contextualizar a informação;
4.
Avaliar a informação de acordo com uma escala de avaliação.

O NOSSO MÉTODO DE MEDIÇÃO

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Quando a declaração analisada é totalmente verdadeira.

Cheira muito bem!
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Quando a declaração analisada é estruturalmente verdadeira, mas carece de enquadramento e contextualização para que seja totalmente percebida.

Cheira bem, mas…
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Quando a informação contém elementos que distorcem, ainda que de forma ligeira, a realidade.

Está um cheiro estranho aqui...
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Não percebo o cheiro...

Quando a informação estudada não nos permite confirmar ou desmentir a afirmação ou mito publicado - permanece inconclusivo.

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Quando a afirmação é comprovadamente errada.

Que pivete!
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    A notícia em questão aborda um estudo publicado no JAMA Network Open, conduzido como parte da análise secundária do Vitamin D and Omega-3 Trial (VITAL), que relata que a suplementação de vitamina D foi associada a uma redução de 17% no risco de cancro avançado. Este estudo envolveu 25.871 participantes acompanhados por mais de cinco anos e abrangeu vários tipos de cancro, como mama, próstata, colorretal e pulmão. Apesar dos resultados sugerirem uma relação benéfica, os investigadores enfatizaram que esta é uma associação e não prova causalidade, sendo necessários estudos adicionais para explorar os mecanismos dessa possível proteção.

    Um estudo recente, conduzido pela Universidade de Oxford e intitulado Circulating Vitamin D and Colorectal Cancer Risk: An International Pooling Project of 17 Cohorts, investigou especificamente o cancro colorretal. A análise encontrou uma associação inversa significativa entre os níveis de vitamina D no sangue e o risco de cancro colorretal, particularmente em mulheres. Mulheres com níveis mais elevados de vitamina D apresentaram menor risco de desenvolver a doença, enquanto a associação foi mais fraca e não significativa em homens. Isto reforça a hipótese de que níveis adequados de vitamina D podem contribuir para a prevenção do cancro colorretal, embora os autores do estudo também salientem a necessidade de mais investigações para compreender as diferenças entre os géneros e as implicações clínicas destas descobertas.

    Num contexto mais amplo, o European Code Against Cancer recomenda cautela no uso de suplementos alimentares para a prevenção do cancro. Embora nutrientes como selénio, licopeno e vitamina D mostrem potencial protetor em alguns estudos, as evidências ainda não são suficientes para justificar o uso generalizado de suplementos com este objetivo. Estudos de intervenção, por exemplo, muitas vezes falham em demonstrar benefícios claros e, em certos casos, identificam efeitos prejudiciais, especialmente com doses elevadas. 

    Segundo uma revisão integrativa publicada na Research, Society and Development, a vitamina D atua como uma "mensageira" no organismo, regulando o crescimento e a multiplicação celular, além de promover a destruição de células doentes. Este mecanismo é particularmente relevante no caso do cancro colorretal, onde níveis elevados de vitamina D têm sido associados a melhores taxas de sobrevivência e uma menor progressão tumoral.

     Em conclusão, embora as evidências sejam promissoras, especialmente no caso do cancro colorretal, o uso de vitamina D como ferramenta preventiva ainda não é uma recomendação universal. O equilíbrio entre exposição ao sol, alimentação rica em vitamina D e, quando necessário, suplementação sob supervisão médica, parece ser o caminho mais seguro e eficaz.

     Portanto, esta afirmação é parcialmente verdadeira, visto que ainda é necessário a realização de investigações, pesquisas e estudos mais aprofundados sobre o tema, por parte de médicos e especialistas.

O que está em causa?

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Cheira bem, mas…

No website do Prof. Dr. Silvio Bromberg, foi publicada uma notícia que afirma que “suplementos de vitamina D podem reduzir o risco de desenvolver cancro avançado”. Esta questão é relevante, visto que ainda persiste uma grande dúvida sobre o impacto da vitamina D na prevenção e progressão do cancro colorretal. Com o objetivo de esclarecer esta questão, a equipa da Informações Corretas decidiu investigar a veracidade desta afirmação, analisando estudos científicos e dados disponíveis.

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O que está em causa?

Ao analisarmos o website destinado ao HPV da Liga Portuguesa contra o Cancro , a entidade afirma que “Os fatores de risco com maior impacto são a infeção por tipos de HPV de alto risco, em particular o 16 e 18, e a infeção pelo vírus da imunodeficiência humana (VIH).”, facto que nos intrigou e levou a equipa a pesquisar um pouco mais afundo acerca desta correlação direta aparentemente existente.

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Não percebo
o cheiro...

O HPV (Papilomavírus Humano) é um grupo de mais de 200 tipos de vírus que infectam a pele e as mucosas do corpo, como boca, garganta, área genital e ânus. É transmitido principalmente por contato sexual, mas também pode ser transmitido por contato direto com a pele ou superfícies infectadas.

 

Características principais:

  1. Riscos:

    • A maioria dos tipos de HPV é inofensiva e causa apenas verrugas.

    • Alguns tipos, como o HPV 16 e 18, são chamados de "alto risco" porque a infeção pode progredir para doença ou cancro, como o do colo do útero, garganta, colorretal e pênis.

  2. Prevenção:

    • Existe vacina contra os tipos mais perigosos de HPV, recomendada antes do início da vida sexual.

    • Uso de preservativos ajuda, mas não elimina totalmente o risco.

  3. É muito comum:

    • A maioria das pessoas sexualmente ativas será infectada por algum tipo de HPV ao longo da vida, no mas na maioria dos casos, o sistema imunológico elimina o vírus sem causar problemas.

     Ao procurar por estudos científicos acerca do caso, dois são frequentemente referidos em teses de mestrado e pesquisas, indicando que esta questão já é colocada há, pelo menos, mais de duas décadas.

    A primeira é de Kirgan, pesquisa publicada no ano de 1990 e onde foram analisadas 30 amostras de tumores intestinais e do cólon, usando o método de análise Imunohistoquímica (que detecta proteínas virais), considerado um pouco menos preciso em contraste com estudos feitos posteriormente ao seu. Com a sua amostra recolhida, Kirgan reconheceu em 97% das mesmas a presença do vírus HPV, uma percentagem extremamente mais elevada comparada aos 23% do vírus detectado em tecidos do normais do cólon.

    Dois anos mais tarde, em 1992, um outro pesquisador chamado Shah, realizou o mesmo estudo, apenas com um método de análise mais rigoroso apelidado de Reação em Cadeia da Polimerase (sensível ao detectar material genético do vírus), considerada uma maneira mais direta por ser sensível ao detectar material genético do vírus. Nesta segunda pesquisa, foram analisados 50 amostras de tumores colorretais, entre os quais não foram detectados qualquer tipo de vírus HPV, nem 16 nem 18.

     Muitas mais pesquisas foram realizadas desde o ano de 1992 para cá, mas um padrão que se manteve presente em todas elas é o facto de a amostra de análise recolhida pelos investigadores ser sempre menos do que a necessária e não existir um método ou técnica acordado por todos os cientistas como o "correto" ou o mais rigoroso, pois nestes dois casos, por exemplo, a procurou-se pelo vírus de maneiras totalmente distintas (um pelas proteínas e outro pelo material genético).

    A conclusão a que chega Leonardo Costa, aluno da Faculdade Nova de Lisboa que realizou a sua tese de mestrado acerca deste mesmo assunto, é a seguinte:

“Assim, com os dados atuais disponíveis na literatura e de acordo com este estudo, uma relação causal entre HPV e adenocarcinoma colo-retal não pode ser estabelecida. No entanto, para confirmar esta afirmação são ainda necessários estudos que utilizem metodologias corretas e com um maior número de doentes para responder a esta questão.”

    Fazendo das palavras de Leonardo as palavras da equipa, esta questão mantém-se em aberto, por isso, inconclusiva no âmbito da medicina.

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O que está em causa?

Uma notícia publicada no SAPO, na secção Pplware, sugere que o consumo de carne vermelha e açúcar podem provocar o aumento do cancro colorretal (CCR).

A notícia analisa estudos e declarações que relacionam o consumo desses alimentos ao surgimento da doença, abordando tanto evidências científicas, como opiniões especializadas sobre alimentação e saúde.

    Uma pesquisa publicada no International Journal of Epidemiology em 2019, mostra que o consumo diário de 76 gramas de carne vermelha/processada pode aumentar o risco de CCR em 21%, em comparação com quem consome apenas 21 gramas por dia. Este dado sugere que não apenas o tipo de carne, mas também a quantidade ingerida, desempenha um papel crucial relativamente ao aumento do risco do cancro colorretal, uma vez que a carne processada, em particular, contém substâncias como nitritos e nitratos, amplamente utilizadas como conservantes, que podem ser convertidas em compostos carcinogênicos durante o metabolismo.

   Além disso, a Organização Mundial da Saúde (OMS) constatou que, “carnes processadas como bacon, presunto, salsicha, entre outras, parecem ser tão carcinogênicas quanto o cigarro, arsênio e álcool.”

    Os maus hábitos alimentares influenciam um papel determinante na saúde intestinal, especialmente em grupos populacionais variados, onde fatores genéticos e ambientais podem influenciar a predisposição ao cancro.

   Outros estudos também confirmam esta relação. Ollberding (2012), num estudo etnicamente diversificado, observou um aumento significativo do risco do cancro colorretal (CCR) em indivíduos com dietas ricas em carne vermelha e processada.

   Os hábitos alimentares desempenham um papel essencial na incidência de diversas doenças crônicas, incluindo o cancro colorretal. Dietas ricas em carnes vermelhas e processadas têm sido objeto de inúmeras pesquisas devido à sua possível contribuição para o agravamento de problemas de saúde a longo prazo. Nesse contexto, Sinha et al. (2009) concluiu que o consumo de carne vermelha e processada está associado à maior mortalidade por cancro e doenças cardiovasculares, enquanto que o estudo CROSS (2010) confirmou que “as carnes brancas não estão associadas ao risco elevado de CCR, ao contrário das carnes vermelhas e processadas”.

    Portanto, a alegação considera-se verdadeira e bem fundamentada cientificamente.

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Cheira muito bem!

    O consumo excessivo de açúcar, especialmente na forma de alimentos e bebidas altamente processados, pode promover a obesidade, que, segundo Suneel Kamath, oncologista especialista da Cleveland Clinic, “constitui um importante fator de risco para o desenvolvimento de qualquer tipo de câncer, incluindo o colorretal.”

    Conforme destacado por Hill (2003), a obesidade - frequentemente acompanhada por dietas ricas em alimentos calóricos, como bebidas açucaradas, e pobres em vegetais e fibras - pode estimular o desenvolvimento do cancro. Esta desregulação no organismo, associada à menor atividade física e ao consumo de carne vermelha e processada, favorece o crescimento de células tumorais no intestino grosso.

   Segundo a nutricionista Juliana Pastore, essa relação estimula diretamente o crescimento de células neoplásicas que respondem a esses mecanismos, além de contribuir para a inflamação sistémica, frequentemente associada à resistência, à insulina e à tolerância prejudicada à glicose. Assim como, Kamath destaca que “a maneira como utilizamos os nossos hidratos de carbono para produzir energia, mas também a forma como usamos proteínas e aminoácidos da nossa dieta”.

    Embora o açúcar não seja classificado como um cancerígeno de forma direta, os hábitos alimentares que favorecem o seu consumo, simultaneamente com a falta de atividade física e a ingestão excessiva de carnes processadas e ingeridas, constituem um ciclo de desequilíbrio no organismo, que leva ao aumento da possibilidade de desenvolvimento do cancro colorretal.

    Portanto, a alegação é parcialmente verdadeira, uma vez que o consumo de açúcar pode contribuir para o aumento do risco do cancro colorretal (CCR), no entanto, a relação direta entre o açúcar e a CCR ainda carece de evidências conclusivas.

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Cheira bem, mas…

Estudos analisados indicam que o elevado consumo de carne vermelha está associado a um aumento do risco do cancro colorretal (CCR). Pesquisas recentes reforçam essa ligação, evidenciando que a quantidade e a frequência de consumo têm um impacto direto no aumento do risco.

A relação entre o consumo de açúcar e o risco de cancro colorretal (CCR) é complexa e indireta, envolvendo múltiplos fatores que estão interligados ao estilo de vida e aos padrões alimentares de cada indivíduo.

 

Uma dieta rica em carne e açúcar está associada ao aumento do risco de CCR, enquanto uma dieta equilibrada, com maior ingestão de leguminosas e fibras, reduz significativamente o risco, conforme afirma o médico António Vitória.

    Em primeiro lugar, é importante entender que as hemorroidas não causam cancro. Como afirma o Hospital Sirio Libanês, "não existe nenhuma relação de causa entre as duas doenças". O que ocorre, muitas vezes, é que o sangramento anal, comum nas hemorroidas, que pode ser confundido com um possível sinal de cancro colorretal. A presença de sangue nas fezes ou no ânus nem sempre indica hemorroida, mas pode sim ser um sinal de cancro colorretal, o que requer atenção médica imediata para descartar estas condições mais graves.

    A especialista Renata Coutinho, do Hospital Jayme da Fonte, também desmistifica a ideia de que as hemorroidas podem evoluir para cancro. Esta explica que "cancro já nasce sendo cancro" e reforça que o problema está na tendência de algumas pessoas atribuírem o sangramento a hemorroidas, quando, na realidade, pode ser um sinal de cancro. Enfatiza que é essencial procurar a avaliação de um médico para diferenciar estas condições, pois, enquanto as hemorroidas são benignas, o cancro é uma doença maligna que exige diagnóstico e tratamento adequados.

  O website do Hospital Lusíadas corrobora esta visão, explicando que hemorroidas e cancro colorretal são doenças completamente distintas. O médico João Araújo Teixeira afirma que, apesar de ambas as condições apresentarem sintomas semelhantes, como o sangramento, “não há qualquer relação entre elas”, e é fundamental que qualquer sintoma seja investigado por um especialista. Além disso, o website da CUF também alerta que, “não há relação entre as hemorroidas e o cancro colorretal.”

    Por fim, a Colorectal Cancer Alliance esclarece que é “importante saber que as hemorroidas, por si só, não são um sinal de cancro colorretal ou anal. No entanto, é vital compreender as semelhanças e diferenças entre essas condições para que possa manter o controlo da sua saúde."

 

As hemorroidas, por si mesmas, não são um sinal de cancro colorretal, embora seja vital que qualquer sintoma, como o sangramento anal, seja investigado para garantir que não se trate de uma condição mais grave, como o cancro. Portanto, não há vínculo entre as hemorroidas e o cancro colorretal.

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O que está em causa?

A ideia de que as hemorroidas podem ser um sinal de cancro colorretal é um MITO, embora estas duas condições possam apresentar sintomas semelhantes. Porém, de acordo com especialistas, não existe qualquer relação entre elas.

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Que pivete!
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